Monty, no dia seguinte em que foi trazido para n/casa, em, 22/04/2002.
Ainda com o pêlo sujo e maltratado, cheio de pulgas, carraças, e feridas infectadas de praganas espetadas na pele.
(praganas - nome dado aos pedaços das espigas que se espetam na roupa ou na pele)
Achei um monte de pêlo
cor de mel, tons de camurça;
fiquei pior que uma ursa...
quis, para casa, trazê-lo.
A família resmungou,
pois bem conhecem a peça;
pegar-lhe, era uma promessa...
Eles sabem como eu sou!
Fui andando, de mansinho,
o coração apertado,
vendo quão mau era o estado
daquele lindo cãozinho.
Era noite, estava frio...
enroladinho, só pêlo
ondulado, qual cabelo...
Dentro, senti um vazio!
Fiz-lhe uma festa, peguei
ao colo, aquela coisinha,
colou-se-me, apertadinha...
Enternecida fiquei!
As patas no meu pescoço
abraçou-me, e ao ouvido,
confessou-me estar perdido...
Não ter comida, nem osso!
Bichinho, não se abandona!
- disse-me ele, com meiguice.
Que não ia dar chatice,
se eu quisesse ser a dona.
Só pedia que eu tirasse
as carraças e praganas.
Jurou não subir pràs camas...
Pediu-me que o ajudasse.
Prometeu ser comportado...
Não fazer chichi nas flores...
Dar-me carinhos, amores...
e viver sempre ao meu lado!
Aceitei entusiasmada,
(gosto de animal de colo);
gato é arisco, não tolo,
e a cadela é pesada.
Há promessas não cumpridas,
(qual político safado)...
Faz chichi em todo o lado,
até encher-me as medidas.
Aceitaram o intruso,
gato Flo, Daisy cadela;
Monty, cãozinho de trela,
é tudo dele... Um abuso!
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22/05/2002
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores nº 20958